quarta-feira, junho 03, 2009

CAVERNA DO DRAGÃO

Em 1983, era criado um desenho animado com um tema até então distinto: os personagens principais deveriam ser garotos completamente normais, sem superpoderes, perdidos em outra dimensão, mas que possuíriam armas mágicas que compensariam sua desvantagem em um mundo repleto de criaturas fantásticas e vilões assombrosos. Porém, acima de tudo, eles ainda seriam garotos normais.

Tenho certeza de que você conhece este desenho. Difícil encontrar alguém que pôde estar em frente a uma tv pelo menos em algum momento entre os anos 80 e hoje e não tenha percebido as aventuras de Hank, Sheyla, Bob, Diana, Presto, Uni e o impagável Erik num mundo medieval mágico bem ao estilo de uma partida de RPG. Aliás, não é p'ra menos, afinal o desenho leva o nome original em inglês (e é baseado) do primeiro jogo de RPG: Dungeons & Dragons!



Tudo começa quando o grupo de amigos estão num parque de diversões e resolvem entrar no novo brinquedo Dungeons & Dragons: uma espécie de trem-fantasma, mas com temática de fantasia medieval. Mas o brinquedo era, na verdade, um portal dimensional que leva os garotos para um mundo fantástico de cavaleiros e dragões. Durante a série, o mundo onde os seis amigos vão parar é chamado apenas de o Reino. No entanto, através de uma referência alternativa no jogo Baldur's Gate 2, é possível imaginar que o Reino seja, na realidade, o cenário de Forgotten Realms: Toril, um dos mais conhecidos mundos de campanha do D&D.

Cada um dos jovens, então, recebe uma arma mágica e um perfil, representando algumas das classes de personagem do D&D: o corajoso Hank, o líder dos garotos, ganha um arco mágico capaz de disparar flechas de pura energia, ele se torna o ranger; o tímido Presto recebe um chapéu que pode lançar qualquer magia que o portador queira, apesar de nem sempre ter o resultado esperado, ele vira o mago; o ganacioso Erik obtem um escudo poderoso que protege o portador e seus aliados de praticamente qualquer ataque, às vezes até refletindo disparos de magia de volta, ele se torna o cavaleiro; o jovem e impetuoso Bob ganha uma clava que aumenta consideravelmente a força dos golpes do garotinho, podendo até mesmo produzir tremores no chão com as pancadas, ele é o bárbaro; a preocupada Sheyla é a irmã mais velha de Bob e um possível par romântico de Hank, ela possui um manto mágico que a torna completamente invisível, sendo, assim, a ladina do grupo; e Diana, otimista e corajosa, já era uma boa atleta em seu mundo natal, com os poderes de seu bastão mágico se tornou uma extraordinária acrobata. Além dos garotos, há ainda a unicórnio filhote Uni, que se junta ao grupo logo que eles aparecem no Reino.

As aventuras dos seis garotos giravam sempre em suas tentativas de retornar para casa. Guiados pelo Mestre dos Magos (Dungeon Master, no original, em referência ao Mestre do Jogo do D&D), o qual sempre propunha um enigma e uma missão que poderia levá-los a um caminho de volta. Estavam sempre as voltas com o dragão Tiamat (outra referência ao D&D, apesar de no RPG, Tiamat ser uma dragoa deusa e não uma entidade masculina, como aparece no desenho) e o grande vilão da história: o Vingador.

Este desenho fez muito sucesso aqui no Brasil, sendo reprisado à exaustão pela Rede Globo até hoje. Umas três gerações assistiram às aventuras dos jovens perdidos e é provável que outras mais acompanhem, pois o desenho ainda vai ao ar de vez em quando. No entanto, este mesmo sucesso não foi partilhado na terra de origem da animação: nos EUA, por falta de retorno do público, o desenho foi cancelado em sua terceira temporada, sem nem mesmo ter sido produzido um episódio final.
Foi, com certeza, uma boa produção. O que mais chamava a atenção aos protagonistas era o seu diferencial com relação a tantos outros desenhos da época: eles eram, acima de tudo, humanos normais. Podiam ter armas mágicas, enfrentando criaturas mágicas num mundo mágico, mas ainda eram pessoas comuns. Isso criava um carisma, uma empatia maior com o público de crianças e jovens (e mesmo adultos) que se identificavam mais facilmente com Hank e seu grupo por suas características tão humanas: todos viviam em conflito com seus defeitos e qualidades. Além de que, o verdadeiro grande poder dos seis não era suas armas mágicas, mas um bom trabalho de equipe (o que falta em muitas grupos de RPG).

Quanto ao episódio final, muito foi (e ainda é) falado pelos cantos mais sombrios da rede sobre o teor maligno que permeava toda a série e que seria revelado neste famigerado episódio final. Boatos se espalhavam de que o Mestre dos Magos era um vilão, um demônio, de que os garotos estavam mortos e o mundo onde se encontravam na verdade era o inferno! Coisas que jamais seriam cogitadas a aparecerem num desenho animado norte-americano da década de 80! Na verdade, o episódio final de Caverna do Dragão chegou a ser escrito em roteiro, mas nunca foi produzido. O autor Michael Reaves já disponibilizou-o há tempos e nada tem a ver com os tenebrosos boatos que se criaram em torno dele. Qualquer dia disponibilizo um link ou alguma coisa assim.

Por enquanto, fiquem com a abertura original que foi cortada da edição brasileira e que nunca foi exibida em terras tupiniquins. O vídeo mostra os jovens no brinquedo Dungeons & Dragons sendo levados para o mundo fantástico, recebendo suas armas mágicas, conhecendo o Mestre dos Magos, Uni, Tiamat e o temível Vingador. Por aqui, ficamos apenas com o finalzinho da abertura (onde foi cortado o vídeo original) exibindo o sopro do dragão e o título da série e do episódio.

(Se meus planos derem certo, vou colcar os vídeos da série na íntegra para serem vistos aqui... Veremos se os deuses sorriem para esta minha empreitada!)

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