Ser rebelde passou a ser visto como algo tão próprio da juventude, que ser jovem já era motivo suficiente para ser rebelde. Eram os famosos rebeldes sem causa, o início da alienação da rebeldia. A revolta virou produto comercial, grife de roupas, filme de verão, música da estação. A rebeldia virou pop.
Faz pouco tempo, encontrei por acaso um velho depoimento meu que fiz durante uma aula extremamente irritante do meu 3° ano do ensino médio. Na época, a pressão do estudo e do vestibular me desestimulavam. Me sentia preso e sufocado. Achei o texto até interessante - e como faz muito tempo que não publico nada no Sala 37 -, resolvi reproduzir parte dele aqui. A parte mais importante que eu considerei e a que expressava melhor a ideia que eu queria passar.
O trecho é bem pequeno mesmo, mas me surpreendi por ter pensado nisso na época. Modifiquei bem pouco, por conta de alguns erros de gramática, mas o essencial foi mantido. Segue a seguir.
A minha geração é fraca, apesar de ser a mais livre até agora. Perdeu-se os ideais que antes movimentavam a juventude. Antes, ser rebelde representava uma represália aos costumes conservadores e opressores da sociedade. Hoje, ser rebelde é questão de modismo, de usar cabelos longos e desgrenhados; está mais ligado à estética do que causar pavor aos pais; calças rasgadas são vendidas em lojas de grifes...
A minha geração está mais preocupada com uma mudança de visual do que com uma mudança do social...
Recentemente numa sala de cinema, vi um pequeno vídeo sobre o amor, em que a autora falava sobre como, hoje em dia, amar uma única pessoa tornou-se uma atitude contestadora. Isso me fez pensar em como nossa sociedade atual passa por um momento de inversão de valores, no qual o que antes era tratado como rebeldia e atitude de protesto passou a ser apreendido e incorporado pelo dito sistema social sob o qual vivemos. A linguagem de contestação se transmutou numa linguagem de manutenção do status quo. A rebeldia se tornou grife, moda e elemento de massificação. A revolta virou pop.
"A juventude é uma banda numa propaganda de refrigerantes." (Engenheiros Do Hawaii, Terra De Gigantes)
Concordo plenamente. O pior é que hoje em dia tudo virou moda, ser rebelde, ser (pseudo)cult, ter filho no início da adolescência, desvalorizar os bons sentimentos de antes, como o amor e assim vai. Parece que ninguém mais tem opinião própria. Podemos perguntar a alguém qual foi a 32ª música composta pelos Beatles e essa pessoa vai responder, porém se perguntarmos o que ela acha a respeito de determinado assunto, simplesmente trava, não sabe o que dizer a respeito. Isso é preocupante. Tem outra música do Engenheiros do Hawaii que diz isso, "O Papa é Pop". Tudo é pop agora, tudo é popular e é desvalorizado. É uma pena. Muito boa sua perspectiva a respeito desse assunto! Parabéns! E claro, obrigada pela visita no meu blog, fiquei feliz com o comentário de uma pessoa inteligente como vc! :) Beijo!
ResponderExcluirAndei por umas lojas de roupa esses dias e vi a nova moda do momento: espinhos de roqueiro em roupas femininas, sapatos, bolsas... Vi uma senhora usando um sapato cheio desses espinhos, que antes eram vestimentas daqueles "roqueiros doidões drogados marginais" agora enfeitam as roupas da vitrine... Que legal essa inversão de valores! Só mostra que não é a roupa que você veste que é aquilo que você pensa.
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