[Modo Historiador ligado] [Modo Nerd também]
Algumas vezes, os miolos se danam a funcionar e eu começo a produzir na minha mente barulhenta alguns pseudo-ensaios sobre assuntos diversos. Este foi um dos motivos para a criação do Sala 37: eu precisava colocar estas viagens intelectuais em algum lugar...
Dessa vez, aliei o historiador com o nerd e comecei a analisar o papel cultural das histórias de super-heróis dentro da mentalidade das pessoas. O resultado foi este...
Algumas vezes, os miolos se danam a funcionar e eu começo a produzir na minha mente barulhenta alguns pseudo-ensaios sobre assuntos diversos. Este foi um dos motivos para a criação do Sala 37: eu precisava colocar estas viagens intelectuais em algum lugar...
Dessa vez, aliei o historiador com o nerd e comecei a analisar o papel cultural das histórias de super-heróis dentro da mentalidade das pessoas. O resultado foi este...
Basicamente, super-heróis podem ser vistos como atualizações dos heróis míticos de outrora: Thor, Hércules, Jasão, Odisseu e tantos outros de tantas outras mitologias. Essa idéia é bem antiga, não há nenhuma novidade aqui. Mas como toda construção social (e as histórias de super-heróis são construções sociais), existe uma função para esta modernização de antigos mitos.
As histórias de super-heróis começam por volta da década de 1930, auge de Flash Gordon e época da criação do maior ícone do estilo: Super-Homem. A década de 1930 foi marcada para a sociedade especialmente pela Grande Depressão, a crise de 29 e o entre-guerras. O mundo passava por um momento de instabilidade e a sensação do perigo constante, concretizado mais tarde pela explosão da Segunda Grande Guerra e refeito depois pela tensão da Guerra Fria. A crise econômica gerava aumento da marginalidade e criminalidade e o medo de uma guerra só aumentava a sensação de que o Estado já não era capaz de promover segurança para os cidadãos. É aqui que eu vejo o significado dos super-heróis para a sociedade.
O super-herói, em geral, é um cidadão comum, na maioria das vezes, um civil (com exceção do Capitão América, mas ele é outra história...) que aceita o papel de vigilante, protegendo as pessoas dos ataques à vida e à propriedade privada. Para combater o crime, o herói precisa ter superpoderes ou acesso a uma supertecnologia (no caso do Batman e Homem-de-Ferro, por exemplo). Os órgãos de segurança, normalmente, têm papel figurativo nas histórias, sempre imprescindindo da ação do super-herói.
O que quero dizer: os super-heróis representam a visão do cidadão comum, que não mais tem no Estado a instituição plenamente capaz de lhe prover segurança, e apela para um instinto básico de auto-preservação, celebrando uma atitude ilícita (o vigilantismo) diante das leis que este mesmo cidadão defende para sua sociedade. Chama para si, cidadão comum civil, a responsabilidade da defesa de suas propriedades (a vida, os bens materiais) ao perceber a incapacidade do Estado para a segurança plena da sociedade. Ao mesmo tempo, entende sua própria inaptidão de gerar esta segurança diante de uma criminalidade tamanha, a qual exige ser um super-humano para combatê-la.
No final, as histórias de super-heróis atendem ao desejo do cidadão de externalizar seus medos, assim como uma forma de aplacar este medo criando na fantasia a imagem de uma necessidade real. Os super-heróis representam a necessidade por esperança de uma sociedade insegura que perdeu a confiança em seus aparelhos de segurança legais.
[Modo Historiador desligado]
"Ele não está sendo um herói. Ele está sendo algo maior." (Alfred falando sobre o Batman em The Dark Knight)
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